Tesão sem alcoól é amor?

sexta-feira, 7 de março de 2008

Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro... tenho que tomar Lexapro por isso??

Ontem fui a médica que diagnosticou DISTIMIA, receitou LEXAPRO. Me sinto meio contraditória: fui a médica buscar ajuda, agora tenho medo de tomar o medicamento e ficar dependente e gorda. Sei que algo não está bem, mas não sei se justifica o medo de me medicar, seria o remédio pior que a situação???
Mas também acho que há muita propaganda sobre felicidade. Há quase que uma obrigação imposta pela sociedade e a TV para sermos bem humorados e felizes. É muita regra. Eu acordo mal-humorada, e ai, sou obrigada a acordar feliz??? Eu odeio atrasos e barulho de pipoca no cinema me irrita. Ou não suporto esperar e não consigo esconder meu mal-humor, não consigo esconder que não me empolgo e entusiasmo com as coisas. Eu tenho um tom, uma cor a menos. O consultório estava lotado, pensei "de perto ninguém é normal mesmo". Cheguei e pesquisei na Internet sobre distimia e lexapro, e li depoimentos e mais depoimentos, sobre tristeza, melanconia, angustia, ansiedade, depressão... então "de perto ninguém é normal, mesmo!". E por que lutar contra isso??? Me diga, por que lutar contra isso?
Por que não se unir em torno da fogueira e queimar todos os medicamentos e livros auto-ajuda? Por que não exigirmos Pubs e lugares reservados para pessoas deprimidas, estressadas, mal-humoradas, rancorosas? Por que se esconder atrás de padrões que não correspondem com a realidade? As salas de recepção de consultórios estão cheias de pessoas procurando ajuda. Então, se pensarmos que há ainda muita gente que não pede ajuda, e muita gente que já desistiu de pedir ajuda, e muita gente que toma o mesmo medicamento há séculos, poderemos concluir que somos todos distimicos, depressivos, bipolares, tripolares...
Lord Byron já dizia que a melancolia seria o "Mal do século" passado, deste e sempre o será enquanto nos rendermos a padrões estéticos, profissionais e mentais que não são os mais adequados para o nosso perfil. Tenhos que aceitar: "Somos deprimidos", "Somos tristes", "Choramos à toa", "Sentimos um vazio", "Lutamos contra nós mesmos". Basta de Lexapro, Diaflorin, Lexotan, Lioran!!
Chega, não é?? Vamos combinar: doí ser triste, mas ninguém tem a ver com isso. Perdoam-me a sinceridade: os felizes que se explodam!!
"Sempre precisei de um pouco de atenção, acho que não sei quem sou só sei do que não gosto, e nestes dias tão estranhos fica poeira se escondendo pelos cantos. Este é o nosso mundo, o que é demais nunca é o bastante. E a primeira vez é sempre a única chance?..." (Renato Russo, Teatro de Vampiros)